Há pouco mais de uma semana, uma jornalista de um jornal bastante conhecido aqui no DF contatou-me pedindo minha opinião sobre este assunto: “remédios para emagrecer”. Bem, acredito que a íntegra do que respondi a ela possa melhor esclarecer-lhes não só sobre meu ponto de vista, mas sobre o tema em si, para o bem de todos. Visando ajudar, portanto, segue a entrevista, mas antes alguns avisos e sugestões:
✅ Quer saber mais sobre o que penso ser um emagrecimento realmente saudável? Leia o conteúdo do meu site www.icaro.med.br, sobretudo a Cartilha do Emagrecimento Saudável, disponível neste link: https://www.icaro.med.br/magrecimento.
✅ É sempre importante frisar o óbvio, básico e fundamental: NÃO há resultados em SAÚDE sem Hábitos Saudáveis de Vida. Leia mais sobre eles em https://www.icaro.med.br/12habitos.
✅ Medicamentos e tratamentos apenas auxiliam seu organismo a obter os resultados esperados (e possíveis), que só virão se você der condições para seu corpo e mente funcionarem corretamente, principalmente água, oxigênio, nutrientes e desintoxicação. Nunca caia na ilusão, tão comumente vendida quanto danosa, de que algum suposto “remédio mágico” possa fazer milagres sem que você busque ter uma vida mais saudável. Se optar por iludir-se, certamente descobrirá, da pior forma possível, mais cedo ou mais tarde, que apenas perdeu tempo e saúde no processo de negligenciar as necessidades do seu organismo.
✅ As respostas a seguir representam minha opinião sobre o assunto, embasadas em muito estudo (constante e atualizado) e na experiência com milhares de pacientes tratados em consultório. Contudo, de forma alguma pretendem constituir-se como verdade absoluta e inquestionável. Pelo contrário, comentários e críticas são sempre bem-vindos, pois são necessários a qualquer processo evolutivo, pelos quais agradeço.
Sobre os questionamentos feitos:
PERGUNTA: Como funcionam os remédios para emagrecer no organismo?
Existem basicamente quatro categorias:
1️⃣ Os que diminuem a absorção de gorduras e carboidratos nos intestinos, por exemplo, quitosana, orlistat, cassiolamina, faseolamina, psyllium.
2️⃣ Os que aceleram o metabolismo como um todo (e reduzem o apetite) “à força”, por exemplo, anfepramona, sibutramina, femproporex, dietilpropiona, Pholia magra. São os que mais causam efeitos colaterais porque produzem efeitos similares aos da adrenalina: aumento da pressão cardíaca, da frequência dos batimentos cardíacos, da ansiedade, da agitação, etc.
3️⃣ Os que aumentam a termogênese (gasto de energia para gerar calor), por exemplo, Citrus aurantium, Garcinia, L-carnitina, Cártamo.
4️⃣ Os que desaceleram a digestão: Slendesta, Pholia negra, Irvingia Gambonensis. Vale lembrar que muitas destas substâncias se encaixam em mais de uma categoria básica.
PERGUNTA: Em quais casos eles devem ser usados?
Na minha opinião, SOMENTE para auxiliar o paciente que já possui Hábitos Saudáveis de Vida (http://www.icaro.med.br/12habitos) ou está tentando adotá-los seriamente, em seus resultados. O uso (e abuso) de “remédios para emagrecer” por pessoas que não melhoram seus hábitos está associado não só a resultados insatisfatórios mas também a danos à saúde, já que “força” o organismo além dos seus limites, muitas vezes sem a devida contrapartida de nutrientes, água e descanso adequados.
PERGUNTA: Atualmente, a venda de remédios para emagrecer está proibida pela Anvisa. Qual a sua opinião sobre isso?
Infelizmente, as medidas de fiscalização não têm dificultado o acesso e a prescrição abusiva destes medicamentos como seria necessário para a saúde da população. Recebo com muita frequência no consultório pacientes que buscam outras alternativas, mais “naturais” e com menos efeitos colaterais, para emagrecer ou mesmo para reparar os danos causados pelo uso inadequado destes medicamentos, como ansiedade, pânico, depressão, fadiga, “efeito sanfona” e distúrbios orgânicos diversos. Assim sendo, sou obrigado a ser favorável à medida mais radical: a proibição dos medicamentos “controlados” para emagrecimento.
PERGUNTA: É possível emagrecer fazendo uso apenas de remédios como Sibutramina e Pholia Negra? Quais seriam as consequências para pessoas que optam por investir apenas em remédios, sem exercícios físicos e dieta balanceada?
A perda de peso apenas com o uso destes medicamentos, em alguém com hábitos de vida ruins, será às custas de perda não só de gordura mas também de água, minerais e mesmo proteínas, resultando em perda de massa muscular e óssea, por exemplo. Portanto, não é saudável, estressa o organismo e tende a fazer o peso voltar depois, mais sob a forma de gordura – o chamado “efeito sanfona”. O organismo tende a acumular para “não passar necessidade” novamente. Ou seja, o resultado tende a ser ruim, mas, quando perceptível, vem associado a grande desgaste do organismo que pode até adoecer.
PERGUNTA: Qual a diferença entre fitoterápicos e remédios como a Sibutramina?
A diferença básica é que os fitoterápicos são extratos de plantas, enquanto remédios como a Sibutramina são sintéticos, ou seja, “químicos”, produzidos em laboratório. Ambos podem estar associados a efeitos colaterais, mas estes costumam ser mais evidentes com o uso dos “químicos”.
PERGUNTA: Qual a maneira correta de usar remédios emagrecedores?
Sem dúvida, somente sob orientação médica competente, por um curto período de tempo e sempre associados à melhoria dos hábitos de vida.
PERGUNTA: Existem efeitos colaterais durante e após o uso desse tipo de medicamento? Quais?
Para a sibutramina e similares, são relativamente frequentes sintomas de “hiper-estimulação”, por exemplo: aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, dor de cabeça, sensação de boca seca, enjoos, tremores, perturbações do funcionamento intestinal, sudorese, ansiedade, dificuldade de concentração.
Um abraço e SAÚDE para todos!