Posto aqui esclarecedor artigo do Dr. Carlos Bayma (sob autorização do mesmo) sobre prevenção em Medicina e os entraves atuais a isso. Vale a leitura atenta e consequente reflexão!
A escolha é sua!
por Carlos Bayma – https://drcarlosbayma.com/
Considere um iceberg. Apenas 10% estão acima da linha da água. O restante, 90%, está mergulhado. Transfira isso para a saúde e medicina: acima, a medicina curativa, essa tradicional que tem o foco na doença e nos medicamentos industrializados; abaixo, a medicina preventiva (ou a verdadeira medicina), aquela que não deixa a doença se manifestar (nos 10% acima) por agir nas causas quando essas estão apenas se formando, mas ainda não se expressaram.
Na parte do iceberg acima da água está o lucro como mola propulsora, a corrupção como tempero e a ignorância como modus operandi. Na parte submersa, está a medicina que custa pouco, é efetiva e que exige bases sólidas fincadas no estudo da Fisiologia Humana, campo gigantesco e profundo.
Estar por dentro da Fisiologia Humana tem custo alto. Não exatamente financeiro, mas de dedicação a horas de estudo do mais importante livro da saúde: Tratado de Fisiologia Médica, de Guyton & Hall. Para o conhecimento que disponibiliza, o “Guyton” (assim intimamente chamado pelos médicos), apesar do preço de etiqueta, é muito barato: custa em torno de R$ 400,00.
Os laboratórios farmacêuticos resolveram “dar uma mãozinha” para os médicos que não gostam, que dizem que não têm tempo ou que simplesmente não querem, triturando e compactando informações e propagandas de seus “remédios” em encartes, programas de educação continuada, encontros, simpósios e congressos e lançando aos profissionais como verdades absolutas da “medicina moderna”. Para melhor aceitação dos profissionais abordados e “achacados”, mimos são oferecidos: amostras grátis, canetas, porta-cartões, agendas e… viagens, hospedagens e congressos de graça e… carros, reforma de consultórios e… sei lá mais o quê!
Pronto! Está feita a desgraça. Some-se a isso o mais que pífio programa de medicina das universidades brasileiras e o terreno para a medicina lucrativa, vendida e que não cura nada está arado. Para que os médicos não se unam e ganhem forças, uns contra os outros são jogados (desde as formas mais subliminares até as mais descaradas). Se a base é fraca, a classe médica não tem solidez suficiente para enfrentar o “patrão” – a indústria farmacêutica.
Vozes isoladas no deserto surgem: médicos que não se vendem! Mas os laboratórios da Big Pharma não ligam: é só desacreditar os portadores dessas vozes e está tudo resolvido: “Charlatão!”, “Louco!”, “Aproveitador!”, dizem. Contam para isso com a mídia – igualmente vendida – e, também, com outros médicos, já cooptados pelos tentáculos longos e adesivos da indústria da doença.
O pior de tudo isso é que os pacientes (pelo menos, a maioria) apresentam essa mesma mentalidade de médicos retrógrados. O alcance do poder da Big Pharma não pode nem deve ser subestimado, pois seria mais do que lógico que o paciente é quem traz o lucro. O médico cooptado é apenas um intermediário, um “bobo” útil, que dá uma pretensa credibilidade às “verdades” da medicina da doença.
Mas, como não se pode enganar todos o tempo todo, vejo lampejos de consciência e despertar nos pacientes, que estão deixando de ser bobos. O “Dr. Google” pode não ser uma fonte sempre fidedigna de informações, mas está tirando pouco a pouco as pessoas da ignorância, letargia e passividade quando o assunto é saúde, sua própria saúde.
Oxalá estejamos começando um ciclo novo na saúde, deixando de lado o paciente como lucro e – na verdade – trazendo lucro à saúde desse paciente. O Universo (e seja lá o que isso signifique) já conspira a nosso favor!
Carlos Bayma é médico especializado em Urologia e Urodinâmica, no Recife-PE. Recentemente atualizou-se em Fisiologia Humana Avançada e Modulação Hormonal Bioidêntica.